Texto que encontrei no www.gruposinformaisderh.com.br, uma iniciativa da ABRH-SP e grupos informais para criação de canal de informações entre eles. Foi publicado em 10/2.006 como parte integrante do Boletim nº 006. Vejam que texto interessante para os dias atuais (e para sempre, se levarmos em conta a velocidade de mudança empreendida por certos RH’s).
“Até que ponto o ritmo das mutações organizacionais vem sendo provocado por iniciativas de RH? Ou, por outro lado, em que medida a reatividade tem sido o comportamento típico dessa área diante do turbilhão de mudanças? O que temos presenciado em trabalhos de consultoria desenvolvidos junto a diversas empresas é uma resposta tipicamente “mineira”: as duas coisas. Verdade seja dita, muita coisa mudou no “jeitão” tradicional de RH: aquela pose classuda, própria do detentor de poderes burocráticos e normativos, quase sempre aliada do discurso e à prática paternal-autoritários. Essa fase, da pequena autoridade, já passou. Em muitos casos, encontramos um núcleo extremamente ativo de RH, com profissionais de nível gerencial e técnico, agindo no centro dos acontecimentos e pilotando reformas estruturais e de processo.
O reverso da moeda também é, infelizmente, bastante comum: setores inteiros de RH cumprindo rituais burocráticos, com cheiro de mofo taylorista, numa completa alienação do que está acontecendo tanto na dinâmica de transformações internas (que acontecem, apesar de RH), como no universo de evoluções externas na comunidade empresarial.
É sempre bom lembrar Maquiavel, quando disse não existir nada mais difícil, nem mais incerto e perigoso do que iniciar uma nova ordem das coisas. Assim é também com o novo papel de Recursos Humanos. É preciso, antes de qualquer coisa, ousadia. A começar pela simples constatação do próprio RH sobre a necessidade de mudar. Mudar o que? O sentido e a razão de ser da própria área! Em outras palavras: definir uma nova missão e identidade para ela.
Alguns exemplos de um RH “afinado” com os novos tempos:
Os profissionais da área deverão dominar o conceito e a prática de trabalho em grupos matriciais, team-works e task-forces, já que esta é a premissa para as novas estruturas flexíveis e multi-competentes.
As antigas e clássicas análises de cargo dão lugar ao “enriquecimento de funções” ou “cargos ampliados”, na perspectiva de sintonizar as ocupações profissionais com os novos desafios do trabalho.
Os profissionais de RH fortalecem o espírito de pesquisa e investigação da realidade, favorecendo a sintonia da Organização com o macro-ambiente em que atua.
RH pode “abrir as janelas” das Organizações para o intercâmbio com outras instituições, empresas e comunidade, arejando o modo de pensar e de agir dos dirigentes e executivos.
RH atua como orientador e apoiador para que cada departamento ou área da organização faça também o seu redesenho, antes que a empresa como um todo tome iniciativas desastradas, em nome desse conceito.
O desenvolvimento das pessoas, do conhecimento e das competências profissionais (na perspectiva de educação permanente) é a grande bandeira de RH.
Em resumo, o novo papel do RH nas Empresas e Organizações inteligentes é estimular a quebra de modelos mentais arcaicos que, se não forem revistos, acabam por restringir ou mesmo inviabilizar uma ação efetiva de engajamento das pessoas num novo tempo de participação, compromisso e contribuição.
Dorival Donadão, desde 1987 atua em projetos de treinamento gerencial e consultoria empresarial. É Administrador de Empresas com especialização em Marketing (FGV) e pós-graduação em Business pela Pace University, New York (EUA). Atualmente desenvolve projetos em Educação Corporativa, Clarificação de Valores e Estratégias e Desenvolvimento Individualizado de Executivos (www.dnconsult.com.br).